sexta-feira, 30 de junho de 2017

Passagem para 6o ano letivo

É com emoção (confesso, muita, muita emoção, que não contenho as lágrimas. Lágrimas de tanta felicidade...) que recebi a notícia que o J. passou de ano. Mais um muro derrubado. 
Depois de alguns anos  de uma luta contra o CEI, anos a tentar interpretar a lei,  anos a exigir o cumprimento da lei, a pedir testes lidos, testes adaptados, apoio individual com professores tutores da disciplina, muito acompanhamento individual diário pelos professores, de muita luta contra o preconceito, descriminação e exclusão, finalmente, após 4 vezes a frequentar o 5º ano, consegue passar... Não foi perfeito, não foi fácil... Estes últimos 6 anos foram  uma luta feia, injusta e desleal, mas as noites sem dormir, tantas noites a chorar e no dia seguinte erguer-me com todas as forças, era necessário provar ao Mundo como estavam enganados, luta contra o tempo, tempo que a sociedade estipula, mas diferente daquele que o J. vive, sente e precisa... Mais uma barreira derrubada, mais um muro destruído... Temos ainda uma longa estrada... Uma longa estrada cheia de obstáculos, barreiras e muros. Mas aqui estamos nós, para quem nos tanto disse que o J. não iria falar, não iria frequentar uma escola de ensino regular,  não iria ler nem escrever, que não conseguiria estar em sala de aula... Sem dúvida que nada aconteceu no tempo estipulado pela sociedade, mas no seu tempo, com as devidas adaptações, conseguiu! Sempre acreditei que este dia chegaria.
É preciso que a lei mude, para que não sejam precisos outros 4 anos para fazer o 6º ano ou que centenas de crianças sejam arrastadas para o CEI, ou por desconhecimento dos pais, ou por extremo cansaço face à pressão que é feita, ou por desconhecimento da lei...
Nós não vamos desistir, mas com alteração da lei ou não, cuidado, pois     não vamos permitir que isto volte acontecer.
Agora é tempo de refletir no que resultou, no que não resultou, do que temos de melhorar e continuar a trabalhar ... Para que o próximo ano letivo seja de oportunidades iguais para todos...
Quem não acredita nas nossas crianças não está na profissão  certa. Quem não acredita nas suas capacidades não está apto para trabalhar com elas.
Mas tenho de reconhecer que este ano, apesar de todas as dificuldades, "discussões" em reunião, o J. esteve rodeado de alguns professores e uma diretora de escola  à altura deste desafio e por isso seria injusto ficarmos com todos os  louros deste sucesso. Obrigada!
Para ti J. continua a trabalhar como trabalhaste, com empenho e dedicação e para o  resto da luta estamos cá nós @André Valarinho na luta da defesa dos teus direitos.
Jamais vou deixar-te sozinho, terás  sempre a minha  mão amiga, o meu apoio e o meu eterno carinho para te acompanhar nesta estrada cheia de obstáculos, barreiras e muros que sei que irás saltar ou derrubar para seguires em frente, sem medo e concretizares os teus sonhos.


A força maior que nos move é a tua persistência e vontade de vencer e viver.


É porque a vida destas crianças é feita de conquistas diárias e não por etapas,  acredito  que esta  conquista é a continuação de muitas outras  💙

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